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A vida em constante mudança

  Por Cíntia Campos

   “A vida está em constante mudança, tolice pensar que nada muda e que todos os dias são iguais. Tolice pensar que nada pode melhorar ou piorar, nenhum nascer do Sol é igual ao outro”.

 

   Em janeiro de 2013 na metade do curso de técnico em logística, estava com um problema serio de coluna, sentia muitas dores, estava ficando paralisada do braço esquerdo, e mesmo assim continuei estudando, pois não via a hora de concluir o curso que eu tanto queria.

 

   A cada dia as dores pioravam, meu médico ortopedista me orientou a me afastar do curso e ficar em repouso, mas me neguei a isso.  Passando 15 dias, comecei a notar uma visão embaçada no olho direito, fui ao oftalmologista contei sobre meu problema de coluna, pensando que estava relacionado com a perda da visão. O oftalmologista  me disse que era sequela do estrabismo que tive quando pequena.  Ele nem me examinou direito, nem dilatou as minhas vistas para um exame descente de fundo de olho.

 

   Passando mais uns dias, meu olho direito começou a doer muito, sentia como se a qualquer momento ele iria cair do meu rosto, e fui perdendo a visão gradativamente. Era como se existisse uma neblina muito densa.

 

   Voltei ao meu ortopedista com os exames de ressonância magnética do crânio e cervical que havia pedido devido minhas queixas, e ele ao ver os exames disse: “O seu problema de coluna pode esperar, eu quero que você procure um neurologista com urgência.”

 

   O diagnóstico da ressonância magnética dizia que eu estava com isquemia cerebral. Eu estava sozinha no médico, minha cabeça começou a rodar, as minhas pernas não obedeciam de tanto nervoso. Um taxista vendo o meu estado veio me ajudar.

 

   No mesmo dia consegui uma consulta com um neurologista, ao contar todas as minhas queixas e depois dele ver os meus exames, ele me disse que o diagnóstico do exame estava errado, que eu não tinha isquemia cerebral (por um instante fiquei animada achando que era uma coisa mais simples do que isquemia cerebral), que eu tinha Esclerose Múltipla. Aí eu disse: Ainda bem, como se cura isso?

E ele respondeu: Isso não tem cura, é uma doença crônica autoimune e degenerativa.

 

   Ele foi me explicando tudo sobre a doença, e a cada palavra dele, eu fui me sentindo menor e o ar me faltando.

   Como ele era um neurocirurgião, ele ligou para uma médica  amiga dele especialista em EM, e conseguiu uma consulta para mim pro dia seguinte. Ele me fez prometer que ao sair do consultório eu iria a uma farmácia comprar o medicamento para controlar o surto.

 

   Minha visão voltou. Em 2014 operei a hérnia de disco na cervical, final de 2015 minha tireoide desregulou. Em meados de 2016, comecei a piorar dos sintomas da EM, e em setembro tive meu segundo surto, levando novamente a perda da visão do olho direito e perda de força nas pernas. Foram sete dias de internação e bomba de cortisona.

 

   Graças à cortisona e o hipotireoidismo, ganhei 30 kg, sendo que eu já estava acima do peso. Definitivamente, com tantos problemas de saúde, nós decidimos não querer mais engravidar. Esse sonho iríamos adiar, quem sabe mais pra frente tentaríamos uma adoção.

 

   Em 29 de março de 2017, completei 40 anos. Em abril comecei a fazer consultas de rotina, ginecologista, endocrinologista, etc... Eram tantas consultas e exames, que me deixaram esgotada. Mas quando se trata da saúde, não podemos bobear.

 

   Com tanta correria, não me dei conta que minha menstruação estava atrasada. Resolvi pedir um exame de gravidez, porque com certeza devido ao stress eu não estava menstruando. Chegando em casa, fui ver o exame pela internet,  estava escrito reagente. Mas o que era isso?

Eu estava esperando ler no exame negativo ou positivo. Comecei a ler todo o exame e pensei: “Isso só pode ser a mesma coisa que positivo para gravidez”.

Pesquisei na internet e vi a resposta, mas eu não estava acreditando. Liguei para minha cunhada, pois a prima dela trabalha em um laboratório de hospital.

Ela me ligou aos berros confirmando a notícia, que eu estava grávida de 5 semanas.

 

   “Mesmo com vários problemas de saúde e indo contra a maré, eu sou capaz de gerar uma vida”.

   Anteontem dia 15/05/2017, fiz o meu primeiro ultrassom. Eu e meu marido ficamos paralisados vendo aquela bolinha na tela, estava ali diante de nós à imagem do nosso bebe. Quando começamos a escutar os batimentos cardíacos, imediatamente começamos a chorar de tanta alegria.

   Ali estava um milagre! O nosso milagre com sete semanas!

Cíntia Campos

Sou Cíntia Campos, tenho 40 anos, casada, amo cantar e dançar, infelizmente não posso dançar por causa das dores, mas isso não consegue me tirar a alegria de viver. Tenho fé que isso irá passar.

Amo encontrar meus amigos e familiares para dar risadas e falar besteiras. Amo também os animais e muito mais meu coelhinho Snoopy (terrorista da AL-QAEDA).

Sou carinhosa, sarcástica e sincera ao extremo.  Adoro tirar um sarro dos outros, inclusive de mim. Às vezes penso coitadinho do meu filho por ter pais tão pirados.

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