Allana Lourenzi
Tenho 38 anos, Mãe de duas filhas e cinco gatos, noiva, apaixonada e grata por tudo que ele me faz (Carlos Tousi) dançarina, amante da vida, da arte e da cultura cigana
Quem dança seus males espanta
Por Allana Lourenzi
Em 2010 eu fui operada de um tumor cerebral, meningioma, que me fez perder a visão do olho direito, o tumor foi retirado parcialmente, o que sobrou está em uma área muito vascularizada, sendo assim não pode ser operado. No final de 2012, meu neurocirurgião me orientou a fazer alguma coisa pra estimular a minha memória, recomendou um curso de idioma, ou dança. Como fiz ballet clássico até os meus 17 anos, (em 2013 estava com 34 anos) optei por dança.
No começo de 2013 iniciei no flamenco, e meses depois eu passei a sentir uma dor insuportável nas costas, acordava gemendo todos os dias, meus pés e mãos formigavam, não conseguia usar o desodorante, deixei de sentir o meu tronco,minha urina escapava, não entendia o que eu tinha. Cheguei a cair na rua, na escada do prédio, vivia com o joelho ralado. Sentia que alguma coisa estava errada comigo, cheguei a culpar a dança.

Passei no meu neurocirurgião e ele me pediu ressonância de coluna e liquor, resultado: desmielização na minha cervical e bandas oligloconais no resultado de liquor. Sim eu acabava de descobrir a esclerose múltipla.
Sou formada enfermeira, mas confesso que não sabia o que era isso... Fiquei apavorada. Fiz pulsoterapia e os sintomas melhoraram, mas decidi não me entregar à doença e comecei a fazer mais um curso de dança, além do flamenco agora também fazia a dança cigana.
No início a sensibilidade dos meus dedos eram ruins, resolvi aprender a tocar castanholas. Hoje recuperei 100% a sensibilidade das mãos.
Vou vivendo e vou dançando, acredito que a dança me mantém saudável. Nunca mais tive surto. O exercício físico me faz bem, eu nunca parei, mesmo quando estou cansada eu vou para a aula, percebo que ali o cansaço passa, sinto como se a esclerose não existisse. Às vezes acordo triste, chorando, com
medo. Porém não vou me entregar. Fiquei mais de um ano sem tratamento, e tenho certeza que a dança de alguma forma me ajudou nesse período. Este ano conheci a Dra. Rosana, e vou reiniciar meu tratamento, agora com o Tecfidera. Estou aguardando os resultados dos meus exames de sangue.
Confesso que este período de espera está me deixando ansiosa e minhas mudanças de humor estão cada vez maiores e sempre vou para a dança para tentar esquecer, e esqueço.
Agradeço o apoio e a paciência das minhas amigas e professoras, meus pais, minhas filhas e meu noivo. Sei o quanto é difícil conviver comigo.